O poeta desdobrado em heterônimos, que pela voz de Álvaro de Campos afirmou que fingir é conhecer-se, faz difícil saber o que está por detrás de tantas máscaras e o que realmente pensava e sentia. Contudo, é possível distinguir entre o autor literário e o homem quotidiano, por mais que os dois se confundam. Dessa forma, estes diários, cartas, apontamentos e alguns poemas reunidos esboçam o melhor auto retrato possível Fernando Pessoa. Mesmo aproximativo e incompleto, tem a virtude de ser feito com as suas próprias palavras, de maneira que esta obra reúne o que mais poderia se aproximar de uma autobiografia. Nos seus apontamentos pessoais, Pessoa escreve para si mesmo, mas assina por vezes como seus heterônimos. Alguns deles são pouco ou nada conhecidos ainda do público, como o pseudo psiquiatara Faustino Antunes, inventado em 1907, que o faz analisar a si mesmo.