Ao começar a ler os “causos” de uma “alma caipira” com todas as lembranças da vida no interior, a primeira sensação é de uma inveja salutar dessa família harmoniosa, carinhosa e sobretudo muito divertida. Sempre pensando que todo tipo de relacionamento precisa ser bem-humorado, positivo, de bem com a vida. Tal qual Proust busca no tempo passado a redescoberta do tempo presente, estes contos trazem o passado rememorado e vivo. Vamos rebatiza-los de “Proust na Roça”; Itatiba salta aos nossos olhos com sua vida interiorana, simples, comunitária e solidária, honesta e nobre, inovadora e inventiva. A história de cada personagem, com seu linguajar próprio, com suas manias e características são tão bem descritas que parece que estão em nossa sala, ou vamos encontra-los virando a esquina. Para Proust uma “madeleine” molhada no chá evocava uma lembrança detalhada da casa de sua tia em Combray, pergunto-me onde está a “madeleine” nestes contos. Cabe a cada leitor descobrir.