Criando novamente um misto de ficção e memória (como em seu primeiro romance, 'O castelo de âmbar'), Mino Carta mostra-se um alquimista do estilo, capaz de combinar musicalidade e metáfora em achados surpreendentes. 'A sombra do silêncio' se passa num país que é mas não é o Brasil, e onde os personagens e os lugares da vida real se escondem atrás de nomes fantasiosos, pitorescos e às vezes nada sutis. 'A sombra do silêncio' é, portanto, um 'roman à clef', mas que o autor prefere chamar de 'sátira à clef', pois o tom é sempre satírico. Nessa seqüência de 'O castelo de âmbar', Mino Carta continua e encerra a história do jornalista Mercúcio Parla, que poderia ser, sem dúvida, seu alter ego. Mas, na realidade, quem protagoniza talvez mais que o próprio Mercúcio esse romance seja Core Mio, a moça risonha que mereceu a admiração de mais bela do bairro. Na rua Áurea, Mercúcio encontrou 'o único e autêntico amor' de sua vida. Core Mio é o coração de Mercúcio, e 'A sombra do silêncio' conta a história desse coração, que se descobre e desvela na dedicação absoluta à verdade do amor.