Para quem está recolhido nas prisões italianas a pobreza é elemento caracterizador da distância que o separa do resto da sociedade, do desinteresse, ou pior, do ódio que lhe tem a gente livre, sem nenhuma vontade de aprofundar a questão. A prisão humilha, anula, estigmatiza e impõe dor, sofrimento; é crueldade; cria a falta de responsabilidade pelo próprio comportamento e aumenta a periculosidade de todos aqueles que ali transitam e que, por sua vez, se tornam multiplicadores irreversíveis e potenciais da violência recebida. A prisão tem uma função falsa e puramente ideológica, pois finge controlar, evitar e prevenir os crimes, enquanto os produz e reproduz, com efeitos e níveis de sofrimento bem piores do que a maior parte dos crimes praticados pelos condenados, cujos direitos fundamentais viola sistematicamente. A prisão evoca a aniquilação do criminoso que assusta, passando a mensagem de que os que estão livres podem ser inocentes, enquanto os encarcerados são certamente (...)