Este livro se apresenta em nome de uma incompetência: ele está afastado daquilo de que trata. A escrita que eu dedico aos discursos místicos de (ou sobre) a presença (de Deus) tem como status o fato de não o ser. Ela se produz a partir desse luto, mas um luto não aceito, transformado na doença de estar separado, análogo, talvez, ao mal que já constituía no século XVI uma mola secreta do pensamento, a Melancolia. Uma ausência provoca a escrita. Ela não para de escrever-se em viagens num país de que estou distante. Precisando o lugar de sua produção, eu gostaria de evitar, inicialmente, nesse relato de viagem o prestígio (impudico e obsceno, em seu caso) de ser tomado por um discurso confirmado por uma presença, autorizado a falar em seu nome, em suma, supostamente sabendo o que é feito dele.