Este livro, que trata do Império global, se produz como sintoma dessa mesma globalização. É uma reflexão crítica do que vivem seus autores, nutre-se da própria ambiguidade daquilo que questiona. Assim, veem o Império a partir de distintos ângulos, a partir de experiências diferentes, com formações que são dessemelhantes, em seus enfoques e alcances, embora coincidam em torno de uma necessidade compartilhada: a de pensar a vida humana "a partir de baixo", dos lugares dos mais necessitados, da vítima do despojo e do preconceito, a partir das exclusões, seja por razões econômicas, de gênero, étnicas, políticas ou ideológicas. Pensar o Império é pensar nossa realidade, descobri-la sob as marcas de seu escamoteio, vê-lo em suas novas - e perversas - ambições e ferramentas de dominação. É descobrir os mecanismos com os quais se impõe às consciências, com que reclama seu direito único ao domínio universal a que aspira, como organiza seu discurso hegemônico. Este trabalho aponta para buscar um "modo de ser imperial", que conforma o caráter e faz que os seres humanos procurem, admitam ou resistam ao modo imperial. Sua proposta é ver o efeito deste espírito sobre os espíritos humanos, especialmente daqueles que ficam mais expostos às iniquidades e injustiças que gera a relação imperial.Os autores pretendem, assim, recuperar o lugar do transcendente, de algo que sempre está além do que o Império contém e quer encerrar. Essa transcendência é concebida a partir de uma presença no crucificado que ressuscita, no sofredor que levanta sua voz, no pobre que não se resigna, nas vítimas de qualquer preconceito que reivindicam sua condição de humano total, no excluído que marca ainda seu lugar no povo. Só assim é possível superar o Império, na esperança de outro mundo possível, um mundo onde caibam todos os mundos, um Reino messiânico, que possivelmente nunca será alcançado na história, mas que constituirá a visão que alenta, sustenta, e na qual todos podem empenhar suas vidas.