A guerra vista de longe é uma coisa e, de perto, outra completamente diferente. Engana muito, isto é, aquilo que de longe é parecido ou até mesmo confundido com um espetáculo excitante, de perto assemelha-se a um inferno, com explosões, cheiro de pólvora e gemidos, destinado a purgar os pecados de muita gente, ainda em carne e osso. Foi esta a impressão por exemplo, que teve o autor deste livro ao deparar-se com a dura realidade do campo de batalha. Quando a guerra começou, ele passou a acompanhar com interesse o seu desenrolar, através do único meio de comunicação que havia no lugar em que morava: o rádio. E ficava contente quando este anunciava que o exército do país com o qual simpatizava, estava vencendo em todas as frentes de batalha. Mas antes que ela terminasse foi convocado pelo Exército, a fim de prestar o serviço militar obrigatório. E quando o nosso País resolveu mandar homens para lutar ao lado das tropas aliadas, ele foi escolhido para integrar aquele contingente, conhecido como Força Expedicionária Brasileira. Acabou, assim, vendo a guerra de perto, chegando então à conclusão de que ela é cruel, e não tem nenhum atrativo, como às vezes ocorre quando vista de longe. Passou momentos difíceis, e como se não bastasse isso, fez a família sofrer, quando soube que havia morrido em combate, conforme notícia falsa amplamente divulgada no lugar em que tinha nascido, cobrindo-se então de luto, como era costume naquela época. Uma parte do que passou naquele período difícil da sua existência, vai ficar registrada neste despretencioso livro. Para escrevê-lo, teve de se valer muito da memória, pois não dispunha de apontamentos, coisa com que não podia contar um pracinha na linha de frente, esperando ser morto a qualquer instante.