O livro de Mateus Fávaro Reis, "Americanismo(s) no Uruguai: os olhares entrecruzados dos intelectuais sobre a América Latina e os Estados Unidos (1917 – 1969)", constitui uma valiosa contribuição para os estudos da história política e cultural do Uruguai no século XX. Escrito em linguagem clara e fluente, o trabalho enfoca a trajetória dos intelectuais Emilio Frugoni, José G. Antuña e Carlos Quijano, este último ligado à prestigiada revista uruguaia Marcha. Os três debateram questões culturais e políticas prementes de sua época. Recuperaram os ecos do chamado “arielismo”, semeado por José Enrique Rodó no alvorecer do século, para fomentar reflexões indentitárias que trasbordavam as fronteiras do nacional e abarcavam o latino ou o pan-americanismo. Mateus Fávaro Reis aborda o ambiente intelectual que singulariza as diferentes gerações de colaboradores de Marcha, não pela ótica de uma história “desencarnada” das ideias, mas atento à dinâmica das redes de sociabilidade, do mercado editorial e dos movimentos políticos que animavam e tencionavam o Uruguai moderno e democrático daqueles anos. Trata-se assim de um instigante percurso por tramas históricas ainda pouco conhecidas no Brasil, apesar das muitas conexões que desde tempos antigos nos aproximam do vizinho platino.