A prostituta tem que sair das luzes da ribalta e acender a luz geral, para que a sociedade possa, enfim, discutir sua sexualidade e entendê-la. É por meio dessa epígrafe do livro Eu, mulher da vida, de Gabriela Leite, que Karine de Medeiros Ribeiro inicia a sua pesquisa sobre autobiografias de prostitutas brasileiras. Tomando como premissa que as obras escritas por prostitutas começaram a ser publicadas no Brasil apenas a partir da década de 1990, a autora estuda, pelo viés teórico da análise do discurso, cinco autobiografias: Eu, mulher da vida (1992), de Gabriela da Silva Leite; O doce veneno do Escorpião: o diário de uma garota de programa (2005), de Bruna Surfistinha; O diário de Marise: a vida real de uma garota de programa (2006), de Vanessa de Oliveira; O prazer é todo nosso (2014), de Lola Benvenutti; e E se eu fosse puta (2016), de Amara Moira. A partir do termo putagrafias, a autora sintetiza o percurso do livro, contribuição na qual se investigam tanto os modos como as (...)