As grandes cidades vivem em situação dramática. Um sinal bem claro: os ricos fogem da cidade e vão morar em áreas rurais, constituindo zonas reservadas, longe das grandes cidades e entregues aos pobres com todas as suas desordens. Outro sinal: a mídia dedica a maior parte das suas informações aos dramas da cidade: criminalidade, poluição, problemas de transporte, tráfico de drogas, armas e todo tipo de contrabando, estresse, cansaço, nervosismo, e assim por diante. O que faz a Igreja no meio desse drama na cidade? A instituição eclesiástica ignora a cidade. A divisão administrativa em dioceses e paróquias corresponde a situações do mundo rural antigo. A paróquia procura proteger-se contra o contágio da cidade e não pensa em orientá-lo. Os religiosos, que poderiam penetrar no tecido da cidade e assumir os seus problemas, são infiéis ao seu carisma fundador, apesar da orientação dada claramente pelo Vaticano II. O desafio é assumir o modo de sentir e pensar dos cidadãos de hoje. Os lugares e os tempos da vida comunitária têm que ser adaptados à condição do morador da cidade. A Igreja deve estar presente e tornar-se mais ativa na vida política no sentido antigo da palavra, ou seja, na vida da cidade (polis) como organização política.