Por que definir o pensamento conceitual pela validade universal das proposições que ele enuncia? Por que definir a moralidade pela idéia de que "para todo humano" a lei vale? Por que, portanto, medir nossa vida estética por este critério da universalidade e fazer da sexuação em si um assunto de lógica? Conjugando com precisão a análise dos desejos nos sonhos e a leitura dos textos filosóficos sobre a faculdade de desejar, Monique David-Ménard convida a um olhar novo sobre nossa modernidade: de Kant a Sade a Lacan, nossas construções conceituais reputadas como as mais rigorosas se nodulam a fantasmas que só pedem para sair do estatuto de letras mortas em que nossa leitura os mantém. Não se trata da ruína da razão, mas muito mais de sua possibilidade: ganha-se aí uma imagem mais verdadeira, isto é, mais aventurosa, do trabalho do pensamento.