Organizado pela pesquisadora Gênese Andrade, Feira das sextas reúne textos inéditos escritos por Oswald de Andrade entre maio de 1943 e dezembro de 1945 e que não foram incluídos no Ponta de lança, organizado pelo próprio autor Oswald de Andrade (1890-1954) foi um homem profundamente engajado em seu tempo. A preocupação de refletir sobre as coisas que ocorriam à sua volta, a necessidade de manter-se bem informado sobre tudo, a curiosidade que abarcava todos os ramos do conhecimento humano perpassam sua obra, que inclui a poesia, o teatro, o romance, o ensaio e o jornalismo. Neste, aliás, que exerceu desde os 19 anos, quando assinou a coluna "Teatro e salões" no Diário Popular de São Paulo, Oswald sentia-se à vontade por permitir dar vezo às suas inquietações no calor do fato, nunca de maneira diplomática, sempre sincera, mesmo que, por isso, colecionasse ferozes inimigos ao longo da vida. Parte da sua produção jornalística está reunida nessa Feira das sextas, volume organizado por Gênese Andrade, também responsável pela esclarecedora introdução. O livro reúne 24 textos escritos entre maio de 1943 e dezembro de 1945 - ou seja, durante o período da Segunda Guerra Mundial e sob a ditadura de Getúlio Vargas. Das 24 crônicas, onze foram publicadas na coluna que dá título ao livro, que Oswald assinou entre julho de 1943 e junho de 1944 no Diário de S. Paulo, além de outros três textos para o mesmo jornal, mas não nessa seção; nove foram publicados n'O Estado de S. Paulo e uma no Correio da Manhã, do Rio de Janeiro. Este material não consta da coletânea Ponta de lança, organizada pelo próprio autor em 1945. Gênese Andrade tenta entender a lógica que norteou Oswald na escolha dos textos, e após descartar uma possível censura da ditadura Vargas ou mesmo uma autocensura, e levando em consideração que os temas abordados e o tom não diferem nos dois conjuntos, chega à seguinte conclusão: "Pensamos que a seleção passou pela preferência do autor, e causa surpresa que estes, de igual qualidade, tenham sido descartados".