'Bom dia, Armagedom!' reúne dez contos do escritor goiano Carlos Magno de Melo. Embora alguns dos trabalhos reunidos neste livro sejam flagrantes da vida brasileira - ora líricos, ora retratando o que há de mais violento no nosso cotidiano - pode-se dizer, sem medo de errar, que o traço dominante da narrativa de Carlos Magno é a tendência à sátira, à ironia, ao humor. Este livro está dividido em duas vertentes. Na primeira, e mais caudalosa, temos duas narrativas de cunho fantástico. São contos longos ou novelas. A primeira delas, intitulada 'Bom dia, Armagedom!', mostra de que forma o mundo é destruído por causa da incompetência de um burocrata brasileiro, o senhor Magalhães, ou Malhagães, tanto faz. O segundo texto, bem mais extenso, 'A Fenda', mostra de que borbulhante maneira um sábio brasileiro, mais conhecido como Zé da Negrinha, demonstra a ligação secreta existente entre as águas do mar e as dos rios do Planalto Central. A demonstração cabal de sua tese põe o mundo em polvorosa. Na segunda parte temos oito narrativas breves, chamadas de contos pelo autor, que tem esse direito, mas que também poderiam ser chamadas de crônicas. Em especial a delicada 'O Velho Tocador de Pratos da Orquestra Sinfônica', flagrante de um lirismo quase deslocada no mundo de hoje. No mesmo diapasão trabalha 'A Música'. Bom exemplo do humor que Carlos Magno manipula com habilidade usando bastante a linguagem coloquial, sobre a qual tem pleno domínio é 'O Inquérito'. Quatro das narrativas menores têm como pano de fundo os mais diversos matizes da acachapante violência brasileira - 'O Caminhão', 'O Achado', 'A Pregação e o Pregador', e 'A Viagem'."Bom dia, Armagedom!" reúne dez contos do escritor goiano Carlos Magno de Melo. Embora alguns dos trabalhos reunidos neste livro sejam flagrantes da vida brasileira ora líricos, ora retratando o que há de mais violento no nosso cotidiano, pode-se dizer, sem medo de errar, que o traço dominante da narrativa de Carlos Magno é a tendência à sátira, à ironia, ao humor. De certa forma, este livro - como qualquer coletânea de contos - é um apanhado pessoal, uma visão particular de um tempo, de uma gente e de uma terra. Carlos Magno de Melo mostra aqui - com competente carpintaria literária - um comovente apreço pelos seus personagens, independentemente do destino que possam ter.