POEMAS NEGROS reúne, num só volume, quatro obras poéticas de Jorge de Lima - Novos poemas (1929), Poemas escolhidos (1932), Poemas negros (1947) e Livro de sonetos (1949). Dando continuidade à reedição da obra poética de Jorge de Lima pelo selo Record iniciada com Poemas - os romances do autor continuam sendo publicados pela Civilização Brasileira -, o livro revela a versatilidade e a verve lírica do poeta. Jorge de Lima, que chegou a ser conhecido como "príncipe dos poetas de Alagoas", começou sua carreira flertando com parnasianismo e acabou se tornando um dos mais completos poetas da língua. Construiu uma obra de crítica social, de sentido religioso e de clara pulsão metafísica, com um apelo ao surrealismo. Sua poesia foi objeto de ensaios entusiasmados de grandes homens das letras como, Mário Faustino, Otto Maria Carpeaux e Roger Bastide. Nascido em 1893, aos sete anos o menino de União de Palmares já havia rabiscado seus primeiros versos. Seu talento foi revelado pela primeira vez num jornalzinho do colégio que ele mesmo publicava, O Corifeu. Seus primeiros sonetos começaram a aparecer nos jornais de Maceió em 1907, e foi nessa época, aos 14 anos, que compôs "O acendedor de lampiões". No ano seguinte, transferiu-se para Salvador, para iniciar o curso superior de Medicina, e impregnou-se dos motivos regionais que surgiriam, mais tarde, em vários de seus livros. O escritor alagoano representa, na literatura brasileira, a imagem do poeta em contínua mutação. Parnasiano nos XIV Alexandrinos (1941), regionalista no início do modernismo com Poemas (1927), Novos poemas (1929) e Poemas escolhidos (1932), místico-universal a partir de Tempo e Eternidade (1935, livro dividido com Murilo Mendes), barroco e magistral em Invenção de Orfeu (1952) - sua obra mais aclamada -, Jorge de Lima sobreviveu a todas as transformações a que submeteu a própria obra. Além de poesia, Jorge de Lima também escreveu romances ao longo de toda a sua carreira, entre os quais Calunga e Guerra dentro do beco. O poeta morreu em 1953, aos 60 anos, deixando como legado uma das obras mais impressionantes de toda a literatura brasileira.