Gosto não se discute', diz o conhecido provérbio, pois cada indivíduo tem o seu, e de tal forma enraizado, que contestá-lo parece à primeira vista contestar a própria personalidade de quem o possui. Assim - num certo sentido - a utopia do gosto mais difundida é a aceitação de todos os seus tipos, sem discutí-los. Outra utopia do gosto é a que defende uma homogeneização das percepções, idéia autoritária que concebe a superioridade de um conjunto de valores sobre outros. A utopia aqui proposta defende, ao contrário, a idéia de que o gosto pode, deve e precisa ser discutido. Não para classificá-lo, torná-lo instrumento a serviço de algum grupo, mas para criar a possibilidade de uma verdadeira compreensão do outro, sem com isso negar ou desvalorizar o dele próprio. Uma utopia na qual cabem todos os gostos, sem desgostos.