Este livro intensifica o existir permanente da poesia amazonense segundo eventos e elementos diversos que constituem a força variada e vívida da natureza. A lua, por exemplo, comparece em inúmeras descrições: lua crescente, oculta, saída da lua, lua bulha, lua no blecaute, lua cheia, bicos da lua, lua de verão, a lua também se banha, mesma lua, luas redondas, lua amarela, luz da lua, lua de foice, primavera lua. Porém, cada uma se distingue da outra a partir das ressonâncias de sua luz no homem que a contempla. De forma análoga, o horizonte é movido por distintas determinações do vento: vento de candura, sensual; vento na calçada, que assovia; embalo do vento; o vento nas folhas secas; vento de outono; o vento que já sopra fino. Assim, a imagem poética acaba por escalar o vento como autor demudanças tanto na natureza quanto no campo sensorial, pois é capaz de sacudir as folhas do buritizal e intensicar o frio das madrugadas chuvosas e também de agir como uma espécie de lapidação da alma e do subsequente autoencontro, do compreender o mundo e o ser por esse balanço, ora brisa leve, ora tormenta incisiva. (Cacio José Ferreira (Ufam))