Em A anomalia poética, a literatura é afirmação de formas de vida e criação de linguagens que escapam às constantes teóricas e rasuram as normatividades. Para pensá-la é preciso não recusar esta sua força, ou ainda, não apagar aquilo que nela é anomalia, irregularidade. Nos onze ensaios deste livro, tudo isto é pensado a partir de algumas das questões que compõem o campo literário por exemplo, a ficção, o testemunho, o valor, a técnica, o artifício. Por todo o livro, não se perde de vista também que a literatura participa da partilha do sensível e que isto tem, inevitavelmente, efeitos sociais e políticos. Na apresentação, lê-se: Há no fundo comum aos vários textos a ideia de que a cada obra corresponde uma potência de percepção/expressão, pela qual subtrair-se a qualquer lei é afirmar sem garantia prévia, afirmar o que tem a força de interromper os discursos identitários e que, como tal, só pode ser um gesto sem autoridade, fragmentário, de criação do múltiplo irredutível.