A poesia de Djami Sezostre me puxou pelo ouvido. Paul Zumthor, em sua Introducao a Poesia Oral, diz que toda poesia aspira a se fazer voz; a se fazer um dia ouvir , seu destino, portanto, e a fala e toda fala e performance. A poesia de Djami se diz, se instaura na voz, se vinculando primeiramente ao corpo, aos sentidos, parecendo recuperar uma fala ancestral, musica e mantra que se manifestam como presenca, sentimento de pertencer. A trama poetica escava outros sentidos que nao aqueles superficiais que agregam a arte a um intelecto desprovido de corporeidade, fixado, rigidamente, na escrita. Entretanto, traduzida para o papel, essa poesia torna-se ainda mais exigente, desafiando o leitor para que este descubra sua lingua (ou linguas), produza novos sentidos, para que adentre, sem medo, nessa selva-ceiva, que a rearticule em seu carater movedico, de entrelugar de fronteiras. Micheliny Verunschk