Muitas são as mulheres de Aline Miranda: as que habitam o seu interior e florescem com a primavera febril; as que ela admira e lhe inspiram; as de que se enamora; a mãe que surge também como metáfora para a força feminina que ancora a sensibilidade de suas palavras. Ela anuncia: entre as mulheres desejo desejos/ forneço sonhos/ transformo choros, apresentando, assim, a sua literacura como costuma dizer. Temos aqui, uma virginiana atenta aos detalhes, olhos de lince, delicadeza de Açucena y de Violeta, abrigando com sua poesia o néctar de tantas de nós. Os corpos femininos passeiam entre cenários do mundo natural. Por vezes são pedra, água, em outros momentos se encontram, numa dança que evidencia o desejo perene pelo amor. É ainda no cotidiano das coisas comuns que se revela o seu jardim de cores. Na xícara de café, na saudade da avó, ou no que resta quando se fica só: ficou um pouco de praia/ na minha cama/ a gente se banha nas mesmas mães águas/ mas nunca juntas. [...]