Denunciar a insensibilidade dos ricos, a superficialidade dos burocratas e a corrupção dos políticos foi uma constante da obra de Lima Barreto, autor do Pré-modernismo brasileiro, ao lado de Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Graça Aranha. Policarpo Quaresma é um patriota, um nacionalista ingênuo a tal ponto que seus exageros chegam a ser cômicos. Esse é o personagem principal de Triste fim de Policarpo Quaresma, romance de Lima Barreto que retrata o Brasil do final do século XIX e primeiros anos de República. O livro se constitui de três partes, em cada uma Policarpo se preocupa em modificar um destes aspectos do Brasil: o cultural, o agrícola e o político. Nas três partes, a tensão entre os ideais dele e a realidade acaba arremessando-o ao seu triste fim, conforme já deixa claro o título da obra. Na primeira delas, que se passa no Rio de Janeiro, logo após a proclamação da República, são apresentados os principais personagens da narrativa. Na segunda, o foco se concentra nos problemas rurais do país, enquanto na terceira Policarpo Quaresma, na capital federal, critica ferozmente a República. Expondo as características contraditórias da sociedade (que promete liberdade, lealdade e justiça, mas promove a arbitrariedade, o descaso e a injustiça), Lima Barreto desconstrói o mito criado de um Brasil superior, bastante propagado na época. Sua linguagem acompanha essa ironia e desconstrução: é despojada, utiliza-se de vocábulos e frases próximas da oralidade, estruturando um estilo simples que chegou a influenciar os modernistas.