Nascido em 1929,o peruano Julio Ramón Ribeyro notabilizou-se como mestre do conto e do relato inclassificável, discorrendo com agudo senso de observação e ironia sobre a vida cotidiana, os personagens citadinos e suas próprias obsessões, entre elas o cigarro. Estas Prosas apátridas reúnem fragmentos que oscilam entre anotações em um diário, aforismos e o ensaio filosófico, passeando por temas como literatura, infância e velhice, amor e sexo, memória e esquecimento, com sensibilidade, elegância e amargura ímpares. Mais um ícone da literatura latino-americana a chegar às prateleiras brasileiras pela coleção Otra Língua, organizada por Joca Reiners Terron.Considerado um dos melhores contistas não só latino-americanos mas de toda a língua espanhola, na opinião de seu compatriota, o Prêmio Nobel Mario Vargas Llosa, o peruano Julio Ramón Ribeyro é também um grande pensador. Prosas apátridas, livro sofisticado e delicioso, que integra a coleção Otra Língua, é a maior prova disso. A edição da Rocco, com tradução de Gustavo Pacheco, é a definitiva, de 1982, que reúne 200 fragmentos curtos, a maioria não ocupando mais de uma página. Aproximam-se de um diário íntimo (o escritor, aliás, foi um cultor desse gênero, alimentando anotações em cadernos entre os anos de 1950 e 1978, depois reunidos sob o título geral de La tentación del fracaso).