O clima do novo livro de poesia de Rogerio Skylab é de despedida e celebração. Nota-se, ao longo dos mais de 70 poemas, trocas abruptas de tom: do cômico, por mais que o músico e poeta carioca afirme não ser dado ao humor, à constatação mais seca deque a vida acabou para ele \u2013 em \u201cThe dead\u201d, por exemplo, no qual se lê: \u201cLutei, desisti, abandonei, duvidei, esqueci, me encontrei:\/ não sou ninguém\/ e não tenho escolha\u201d. Esse tipo de constatação algo fatalista divide espaço com versos como o de \u201cUma bofinho\u201d, que trata de um assunto com os qual os seguidores do autor estão acostumados: \u201cEu quero uma bofinho\/ cuja dubiedade provoque pânico\/ e vista de longe pareça homem.\/\/ Uma bofinho que me traia\/ e me roube de vez em quando.\/\/ Pra quem lave, passe e cozinhe.\/ E, além disso, me coma\u201d. Parece haver, mais do que em qualquer outro trabalho de Skylab, a presença recorrente de pares de opostos.