Nesta época contemporânea o que importa é a diversidade. Ao lado de poetas que cultivam o hermetismo e o ultra cerebralismo, há poetas como Walther Moreira Santos que elegem os assuntos do dia a dia, tratando-os com palavras simples. O que não quer dizer que fuja das contradições. Até porque seus temas, embora cotidianos, são muitas vezes ásperos: na bela cidade onde moro/ há uma bala na agulha guardada para cada homem, mulher e cada criança. Para o poeta, não é opção uma postura passiva, é preciso reinventar tudo. Principalmente o amor. E se pergunta, agudo: Por que este coração nos dentes, agora? E é preciso, também, insistir, porque ser homem é suportar/ a horrível sentença/ de aguentar até o fim. E até para esquecer,/ a coragem não basta. Enfim, nos ensina o poeta em Arquiteturas de vento frio, é com palavras simples que se atinge a complexidade da vida.