A Natureza das Economias, de Jane Jacobs, encanta e instiga o leitor pela desconcertante originalidade da autora, que com sua visão feminina e profundamente humanista, disserta sobre as atividades de produção de bens e serviços, que são por ela apresentadas quase como funções biológicas e, como tal, inerentes à própria natureza do ser humano.Entendidos como o resultado de ações naturais, os sistemas econômicos são equiparados a ecossistemas, perdendo, portanto, toda a complexa artificialidade com que são tratados pela teoria econômica. A conclusão, que pode ser antecipada, é que as atividades econômicas, assim como os seres humanos, que as desenvolvem, não são antinaturais, mas, ao contrário, só podem se desenvolver se integradas com os demais processos naturais. No entanto, a integração homem-natureza não é facilmente aceita por economistas, industrialistas, políticos e outros, que acham como muitos fazem com base em um orgulho compreensível das realizações humanas que a razão, o conhecimento e a determinação permitem ao ser humano evitar e superar a ordem natural. E aqui adverte Jane: leitores que não se disponham ou não consigam romper a barreira que imaginam existir entre o ser humano e suas realizações e o resto da natureza, serão incapazes de entender o que este livro está dizendo.Da natureza das economias, escrito em 2000, é o coroamento de um trabalho de 40 anos de vivências ricas, de amor ao ser humano e de uma abrangência de conhecimentos que vai das ciências físicas à física quântica, da sociologia à psicologia social, da matemática à ecologia, num texto primoroso de contadora de histórias, construindo seus argumentos através de uma conversa entre profissionais diversos amigos egressos da contracultura e preocupados com o meio ambiente. Jane Jacobs é autora do clássico Morte e vida das grandes cidades lançado em 1962, e no Brasil em 2000, pela editora Martins Fontes.