Em Infâncias do corpo, Daniel Calméls apresenta um conjunto de hipóteses relacionadas com a construção do corpo da criança. Para o autor, o corpo existe em suas manifestações, o que significa dizer que se pode visualizar e analisar o corpo a partir do estudo das manifestações corporais, como o olhar, a escuta, o contato, a gestualidade expressiva, o rosto e seus diferentes semblantes, a voz, as praxias, a atitude postural. O corpo é uma construção, um produto da cultura; portanto, imprimir no organismo a função e o funcionamento de um gesto não é uma tarefa individual, e sim uma tarefa inter-ativa e coletiva. A alteração da construção das manifestações corporais funcionaria como um indicador de anomalias no desenvolvimento da criança, alertando-nos sobre algum conflito localizado no corpo e, dessa forma, favorecendo o diagnóstico precoce e a intervenção profissional.