Assim como os colegas mineiros Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade marcou a ferro quente seu nome na crônica brasileira. Durante mais de sessenta anos, foi presença constante em jornais e revistas do país. Esteve com os brasileiros nos momentos políticos decisivos, nos períodos de vacas magras da economia, na transformação arquitetônica das cidades, na chegada de novas tecnologias e, principalmente, naqueles instantes de distração, em que só o que importa é a coloquialidade da vida, o comezinho e o efêmero. Essa percepção arguta e ampla da realidade está presente em Moça deitada na grama , último livro em prosa organizado pelo autor, publicado em novembro de 1987, apenas três meses após sua morte. Praticando o que chamava de vadiagem vocabular, Drummond vai do popular ao filosófico, equilibrando-se entre a realidade e o devaneio. [...]