Embora tenham uma atuação essencial nas sociedades atuais, as Organizações Não Governamentais, ou ONGs, receberam até hoje escasso tratamento analítico nas ciências sociais. Preenchendo essa lacuna, este livro reúne especialistas que lançam um olhar atento sobre tais organismos. Juntos, os artigos contribuem para a compreensão do crescente papel das ONGs e, numa perspectiva mais ampla, refletem sobre a mudança cultural quanto ao entendimento das interações do Estado com o mercado e a sociedade civil. A partir da década de 1980, ganha destaque uma nova visão do papel da sociedade: esta passa a ser vista como um terceiro parceiro na divisão de tarefas antes concebidas como atributos do Estado e/ ou do mercado. No cerne dessa transformação, surge a ideia de que novos atores sociais devem entrar em cena; a sociedade civil passa a ser percebida como composta de núcleos solidários variáveis, cada qual postulando a legitimidade de suas motivações como fundada em algum ideal compartilhado. Tendo em vista estas mudanças, o Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Desigualdade (NIED) se propôs a analisar as transformações nos padrões de interação do Estado com as organizações da sociedade no Brasil, tendo como foco a implementação de políticas sociais. O resultado desses estudos é apresentado ao leitor nos artigos aqui reunidos, que exploram temas como: os mecanismos de legitimidade e a institucionalização das ONGs no Brasil, a percepção identitária e as fronteiras simbólicas desses organismos, bem como as suas parcerias e relações com o Estado. Analisando a atuação das ONGs e os seus reflexos nas sociedades, esta obra contribui para mapear as transformações nas interações da sociedade civil com o Estado e o mercado captando as dinâmicas muitas vezes contraditórias que caracterizam essa nova percepção da sociedade.