O presente trabalho reúne artigos e entrevistas publicados pelo jornal O Estado de S. Paulo e pela revista Interesse Nacional, e dois breves ensaios inéditos. O índio no imaginário nacional abre a sequência de textos apresentando uma visão otimista da presença indígena na formação social brasileira, em contraponto a uma interpretação derrotista e diminuidora do papel civilizatório de nossos mais antigos ancestrais. Advogo a ideia do índio protagonista um protagonismo sofrido e injustiçado, é verdade em lugar do índio vítima, inerme, física e culturalmente submetido ao colonizador. Evoco as figuras de Ajuricaba, Cunhambebe, Aimberê, Tibiriçá, Poti, Maria Arcoverde, Bartira, Clara Camarão, para destacar a presença viril de homens e mulheres que engrandeceram a história indígena e do povo brasileiro. Indico a influência do índio em nossa cultura, psicologia, culinária e idioma como algo que nos fez mais adaptados para a aventura humana de viver em paz e em cooperação. O índio e a questão nacional, o último pequeno ensaio, é quase uma advertência sobre os riscos de perdemos essa preciosa herança a ideia de um povo único, resultado da contribuição indígena, africana e europeia como consequência das pretensões e ambições de povos materialmente mais desenvolvidos, embora espiritualmente mais primitivos, com suas organizações não governamentais e sua visão depressiva sobre o destino da humanidade. Os artigos para O Estado de S. Paulo e para a revista Interesse Nacional foram escritos em meio à polêmica em torno da demarcação da terra indígena Raposa-Serra do Sol. Em todos eles procurei depositar a mais profunda gratidão e o mais elevado respeito aos índios, ao povo brasileiro e ao Brasil. Por fim, esclareço ao leitor que a presença ou não do ingênuo hífen em Raposa-Serra do Sol indica visões distintas sobre a área demarcada. Grafar com hífen, como faço, é também uma denúncia de que Raposa e Serra do Sol são áreas geograficamente distintas, habitadas por tribos e populações igualmente distintas.