Estamos passando por uma revolução do conhecimento no âmbito da genética e da biologia molecular, iniciada por uma das mais importantes descobertas científicas do século XX: a descoberta da dupla hélice de DNA por Watson, Crick e Franklin. Se antigamente para saber do futuro o ser humano consultava os astros, doravante terá de consultar os genes. Atualmente, o utópico sonho de aprimorar geneticamente o ser humano tornou-se tecnicamente viável a partir das novas ferramentas de edição genética. Mas apesar desta viabilidade técnica, seria eticamente viável ou necessária a edição de embriões humanos? Estamos caminhando para uma sociedade transhumana? Todo desenvolvimento biotecnológico atual vem revestido de promessas para superação de inúmeras mazelas sociais, cura para doenças e controle do curso de evolução da humanidade. Mas em contrapartida, no dia-a-dia a realidade de quem possuiu uma doença genética ou rara, por exemplo, é de longos anos de espera por diagnóstico, de estigmas e marcas deixadas pelos extenuantes itinerários terapêuticos. Não que os testes diagnósticos já não existam, eles simplesmente não chegam até aqueles que mais precisam, assim como muitas das técnicas da área da biologia molecular. A possibilidade que as pessoas mais abastadas sejam as primeiras a se beneficiar do desenvolvimento biotecnológico, para si próprios e seus descendentes, arrisca criar uma situação inusitada de injustiça política e econômica, como um fato biológico concreto. Mas não é apenas o acesso a informação genética ou as tecnologias aplicadas a partir da biologia molecular que geram questões éticas peculiares, ao longo desta obra são apresentadas, a partir de diversas temáticas, a relevância da atuação bioética nos conflitos que emergem no campo da biotecnologia. O leitor é convidado a desfrutar das reflexões e questionamentos emergentes da ponta deste iceberg, que promete ser a revolução biotecnológica.