Luciana é uma assistente social capturada por enigmas pessoais e que procura manter trajetos desatentos de si ou de seu desejo. Claudia, mulher que habita as calçadas úmidas da cidade, expõe com sua existência barulhenta e desconcertante que sempre há algo que se agita nas margens. O dorso encurvado de Almerinda carrega mais do que dor, nas curvas de que é feita ela sustenta restos de histórias que alimentam as raízes de uma árvore frondosa. Uma Porto Alegre que é bem mais do que pôr do sol, uma cidade que tem suas margens lambidas, ameaçadas, engolidas e vomitadas, é nesse cenário que se desdobram os caminhos encharcados das mulheres que transbordam em encontros, estranhamentos, perdas, delicadezas, generosidade e desamparos. Com uma escrita literária que entrelaça em sua trama de modo habilidoso política e poética, nada falta ou sobra no texto de Carolina Panta, e a autora constrói uma história conduzida por uma narradora que ignora os muros da cidade. [...]