Originalmente publicado em 1974, o livro é escrito em primeira pessoa. “Meu nome é Kathy Acker. A história começa comigo totalmente entediada”, declara a autora. E sua prosa, escrita no ritmo do pensamento, convoca quem lê a embarcar em sua viagem vertiginosa. Um sonho se repete e, com ele, parágrafos inteiros reaparecem, em um exercício literário no qual conteúdo e forma são inseparáveis um do outro. \nA cada capítulo, Acker já não é ela mesma, e as personagens nas quais se converte contam suas histórias de prazeres, vícios, delírios. Mais do que produzir um discurso supostamente verdadeiro sobre sexualidades, o livro experimenta múltiplas possibilidades do corpo, do gênero e da linguagem. \nE para quem espera uma escrita frenética sobre prazeres, o livro surpreende. Acker consegue articular sua experimentação a cenários muitas vezes compostos por instituições disciplinares -- escolas, hospitais, prisões -- que modulam os desejos e possibilidades de nossas vidas.