Rubem Alves encontrou nos badulaques o modo simples de tocar verdades fundas e de imprimir a sua escrita algo da velo-cidade que nosso tempo vem imprimindo à vida sua e de seus leitores. Mas é preciso ressaltar que velocidade na escrita não representa facilitação no enfrentamento de questões, não significa apagamento de conflitos. Irônico, bem-humorado e tomado de urgência, o autor abre sua canastra secreta e assume a falta de tempo para transformar todos os seus pensamentos em peças literárias esmerilhadas pela técnica do escrever. No entanto, em seu ofício de escritor, papel que lhe traz felicidades e infelicidades, não pode se furtar a compartilhar pensa-mentos. Mais badulaques é, então, pensamento irreprimido, persisten-te, incontornável. Memória, política, felicidade, poesia, Deus, sexo, dúvida, ideologia, literatura, ternura como ex-pressão da libido, arte, tragédia passam pelos olhos do leitor ao lado de imediatidades como tráfego, polícia, leitura dinâmica, bagaço de laranja...