As bases de nossa relação com o dinheiro foram construídas até por volta dos cinco anos de idade. Atitudes que funcionaram na infância e levaram-nos a conseguir os resultados desejados foram, em boa parte, os responsáveis pela formação da mentalidade financeira que temos hoje. Não é difícil, por exemplo, reconhecer em adultos mimados, os quais se comportam como se o mundo inteiro lhes devesse os favores de repetidos empréstimos a fundos perdidos, traços da criança que cresceu sem ninguém impor limites às suas vontades. Evidente que nada é tão definitivo em relação à falta de jeito para lidar com as finanças que não se possa, no decorrer da vida, consertar e aprender. Mas o ideal é receber, ainda criança, educação em relação ao dinheiro. Como parte do carrossel de malefícios alimentado pelo período de inflação, ficou a ausência de uma educação financeira sólida na formação de muitos de nós. E, porque não aprendemos, precisamos agora nos esforçar em dobro para ensiná-la a nossos filhos. Em uma economia inflacionada levar adiante a prática de dar mesada aos filhos simplesmente não fazia sentido. Afinal, como uma das funções da mesada é ensinar os filhos a preparar e cumprir um orçamento, era inimaginável que essa intenção pudesse se processar de modo adequado naquele ambiente de eternas trocas de moedas e choques econômicos. A estabilidade da economia devolveu às pessoas o prazer de planejar. E criou condições para que os pais possam, finalmente, iniciar a educação financeira de seus filhos. A educação financeira aplicada de maneira apropriada e consistente para crianças não tem nada a ver com ensinar finanças para a garotada. O caso aqui não é de adestrar financistas mirins. Isso simplesmente não faz sentido e as conseqüências de precipitações desse tipo variam de inócuas a perigosas, com crianças assumindo comportamentos inadequados, totalmente deformados pela obsessão por dinheiro. A função da educação financeira deve ser criar as bases para que na vida adulta nossos filhos possam ter uma relação saudável, equilibrada e responsável em relação ao dinheiro. Este livro apresenta o passo a passo do processo de educar as crianças para lidar com dinheiro, abrangendo quatro grandes áreas: como ensinar a ganhar, poupar, gastar e doar. A autora discute ainda como os pais podem ensinar que o ganho e o uso do dinheiro devem ser obrigatoriamente regulados pelos preceitos da ética e da responsabilidade social. E alerta que, sem essa condição essencial, nada mais do que seja ensinado às crianças em relação ao dinheiro faz qualquer sentido ou vale realmente a pena.