Em tempos em que autoelogios e ação entre amigos tentam conferir na marra, de pronto e em cena pública, cidadania literária a multidões de nem sempre tão novos poetas, Réu Confesso: Poemas Reunidos (1968-2010), de Luiz Meyer, expõe um percurso completo e discreto de formação de uma voz lírica reflexiva, perita e singular. Não de poeta bissexto, mas de quem soube apurar o fio e depurar o verbo em silêncio, ao abrigo da agitação das revistas, condensando em meia centena de poemas o resultado de quarenta anos de maturação. Se há obras a que este recolhimento faz mal, Luiz soube fazer-se crítico de si mesmo e a estreia, demorada, nada tem de tardia ou apressada.