Carlos Nejar nasceu em Porto Alegre, em 1939, sendo chamado por alguns críticos de "o poeta do pampa brasileiro". O português Jacinto do Prado Coelho considera-o "o poeta da condição humana". Estreou em 1960, com Sélesis, tendo uma vasta obra poética, formada por mais de vinte títulos.Poeta de grande capacidade verbal, a sua poesia apresenta uma gama variada de tons: amorosa, elegíaca, meditativa, mística, épica. Todas as manifestações humanas lhe interessam. Assim, preocupa-o também o social, a revolta diante da situação "de abandono dos pobres no campo, sem terras, sem paga justa, sem futuro", que canta, sem jamais resvalar para "um tom fácil de panfleto político", como observa Léo Gilson Ribeiro no prefácio.Mais forte do que a preocupação social é a obsessão por Deus, a busca permanente da divindade, do poder supremo, que concede a paz, mas cujos desígnios são incompreensíveis ao homem. Já se ressaltou que os poemas de Nejar dedicados a Deus lembram, pela sua simplicidade e colorido, os quadros de alguns pintores primitivos, líricos e despojados, de olhos fixos no infinito: um Paolo Uccelo, um Simone Martini.A obsessão pela divindade prende-se a outros dois temas, que inquietam os vivos, mas que decorrem dela: o amor ("Amar é a mais alta constelação") e a morte, que o poeta não considera fim, mas início de um outro ciclo.Em síntese, como diz Léo Gilson Ribeiro, no prefácio, a poesia de Nejar pode ser comparada a um rio "que atravessasse idades carregadas de heroísmo, luta, feridas, mas nunca desânimo. Tal o célere e célebre rio de que nos fala o filósofo Heráclito, nunca nele nos banhamos novamente: cada vez suas águas hão de correr, volumosas, rumo a outras paragens, a servir de espelho para outros homens".