Identifico-me, tenho pena, o homem me comove pelo desconcerto, quase sempre me enterneço com inseguros assim, gente que, tentando acertar e por medo do desacerto, só erra o tempo todo. No tempero, na escolha dos filmes, no caminho para algum lugar que não seja a própria casa. Gente que nasce centopeia de mil pés errados, peixe de aquário que morre afogado, viaduto mal projetado que não leva a lugar algum; um hipopótamo rosa de uma anedota sem sentido. Mas não temos que fazer sentido, acho. Não precisamos descobrir sentido definitivo em tudo; há coisas que a alma se alegra em eleger justamente pela falta de sentido aparente.