O escritor, jurista e político paraense Inglês de Sousa introduziu a escola Naturalista no Brasil, mediante uma obra voltada para a natureza e a vida amazônicas. Seus primeiros trabalhos literários foram publicados sob o pseudônimo Luís Dolzani. A partir do primeiro trabalho, O Cacaulista, fez dos problemas humanos da Amazônia a preocupação central de sua obra. Contos Amazônicos (1893) é um dos seus livros mais conhecidos. Neste trabalho - documento fiel da língua do Pará -, aparecem os modismos, o vocabulário e os costumes típicos da região amazônica. No volume estão enfeichados os contos: Voluntário, A Feiticeira, Amor de Maria, Acauã, O Donativo do Capitão Silvestre, O Gado do Valha-me-Deus, O Baile do Judeu, A Quadrilha de Jacó Patacho e O Rebelde.Contos Amazônicos (1893), de duas formas, fala sobre a história do Brasil – a primeira forma é através do olhar naturalista e descritivo de Inglês de Sousa, testemunha de uma época de turbulências sociais, políticas e religiosas: guerra do Paraguai, a revolta da Cabanagem, os assuntos relacionados à escravidão, as questões emancipatórias do estado República e os alicerces abalados do catolicismo; a outra forma é através das lendas e mitos que estão no decorrer da obra e explicam a formação e o jeito de se relacionar do povo ribeirinho do Pará, na região amazônica. Paisagens exóticas e cheias de coloridos contornam nossa imaginação sobre a forma de vida do povo nortista da época descrita. Conhecemos a realidade de vida de tapuios, índios, caboclos e os cabanos – gente marginalizada e a mercê do progresso advindo do cientificismo positivista dos centros urbanos. Esta é a última obra escrita por esse autor paraense, natural da cidade de Óbidos, que tem nos problemas humanos da Amazônia sua preocupação central. Em nove contos seriados, temos neste trabalho um documento fiel da língua do Pará, seus modismos, vocabulários e os costumes típicos da região.