Da regra fundamental enunciada pelo analista ao analisando de dizer tudo o que lhe vem à cabeça afloram diferentes consequências, pelas quais se podem depreender os fundamentos do que singulariza a razão psicanalítica ao lidar com os impasses com que se defrontam os seres humanos em sua existência. Todavia, como Marie-Claude Lambotte deixa ver nos cinco textos aqui reunidos, cujo desdobrar comporta um efeito de só-depois do trabalho analítico ocorrido em sua clínica e em seu manejo subjetivo da teoria, o que é próprio à psicanálise não a torna uma ciência nova entre as diferentes formalizações do saber que se têm como científicas, uma vez que o seu objeto, a divisão do sujeito, é o próprio motor de sua causa. Nessa causa, engajam-se analista e analisando, sem que deixem de constatar, a cada vez, a irredutível distância que há entre a verdade e o saber. Ademais, em face do real, de conformação primordialmente dis­tinta do que se admite como a realidade das coisas, a criação de (...)