Escrito e parido em pleno turbilhão carioca de fim de década, este livro apresenta tumultos dos mais derivados. Entremeado por escapadas serranas que de longe avistam uma Guanabara que cabe na brasa de um último cigarro o abismo retorcido horizontalmente eis o fundamental neste Caleidoscópio, estreia literariopoética de Vinícius Gusmão: o olhar quase que estrangeiro, embora protagonista, preservando o espanto ao passo que torna-se íntimo de toda sorte de acontecimentos e sensações nesta tecelagem das narrativas de meio-fio. Nas esquinas incertas, ruas semidesertas ou nas multidões transloucadas: o elogio à desordem ou a tentativa de dar sentido às coisas de um mundo sentido nas marquises e refletido da janela. Retrospecto ativo no mundo brazilis, um pacto sangrado da memória coletiva, patrulhando o esquecimento. Reflexo vociferado de uma geração pulsante, que não se acanha em fazer poesia dos cacos de humanidade apanhados nos subterrâneos da urbanidade, [...]