As cento e oito fotografias de Jamie Stewart-Granger, estampadas no livro Tiradentes, constituem mais uma homenagem à bela cidade mineira, retratada na integridade da sua existência histórica, do século XVIII aos dias de hoje. O livro dá testemunho da ação de instituições preservacionistas brasileiras bem como daquela, mais rara, de particulares com alto espírito público. O fotógrafo Jamie Stewart-Granger, nascido em 1944 na Inglaterra, apaixonado pelo Brasil e aqui radicado desde 1980, mostra, num trabalho que levou um ano para ser feito, a arquitetura, a paisagem e a gente da cidade de Tiradentes. O tombamento do seu acervo arquitetônico e paisagístico, em 1938, realizado pelo então Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - hoje IPHAN -, criado pelo historiador e ficcionista Rodrigo Mello Franco de Andrade (1898- 1969), a preservou para as gerações seguintes, com o apoio da sociedade civil. Tiradentes foi ainda contemplada, no século XX, pela atuação cidadã de Maria do Carmo de Mello Franco Nabuco que, chamada a colaborar pelo governo de Minas Gerais para a reanimação de uma cidade em avançado estado de decadência, consagrou com êxito inúmeros anos de sua vida à revitalização do notável centro urbano. A esse trabalho pioneiro, feito através da iniciativa privada e órgãos públicos, com o apoio da comunidade, acrescentou-se a criação, ainda por Maria do Carmo, da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, em administração compartilhada com a Universidade Federal de Minas Gerais. Este livro, apresentado pela historiadora da UFMG Júnia Ferreira Furtado, diz da permanência de Tiradentes no tempo, e do caráter sapiencial e sereno dos seus habitantes que, ao viver nela um presente operoso e contemplativo, a conduzem para a esfera de um amanhã com ainda melhor qualidade de vida.