O trabalho de Adalberto Müller responde a uma demanda de diálogo disciplinar que é cada vez mais necessária no horizonte das ciências humanas no Brasil - nomeadamente, trata-se do intercâmbio entre os campos da teoria dos meios e dos estudos literários. A estrutura compartimentalizada que as instituições de fomento à pesquisa adotaram por aqui se encontra em radical descompasso com o que se passa no resto do mundo, isolando investigadores e fossilizando centros de produção de conhecimento. Nesse sentido, o livro de Adalberto colabora para ampliar o repertório de problemas tanto no domínio da literatura como da comunicação. Por um lado, ao abordar brilhantemente as questões da intermedialidade, mostra que a experiência literária não está aprisionada à materialidade da forma-livro. Por outro, ensina aos pesquisadores de comunicação que um olhar mais atento às dimensões estética e tecnológica dos meios é hoje absolutamente vital.