A vida era doce para Chuck, um jovem paquistanês que, aos 17 anos, ganhou uma bolsa para estudar Literatura Inglesa em Nova York. Anos depois de instalar-se na América, considera-se uma espécie de bon vivant. Trabalha como analista financeiro em Wall Street e, na companhia de AC e Jimbo, também muçulmanos, frequenta a badalada boate Tja!. Mas tudo muda bruscamente com os atentados de 11 de setembro. A derrubada das Torres Gêmeas descortina uma América completamente nova para Chuck e seus amigos. Uma América infernal. Livro de estreia de H. M. Naqvi, Meu irmão narra a radical transformação pela qual passa a vida desses imigrantes nas semanas imediatamente posteriores ao ataque terrorista. De uma hora para outra, a terra da liberdade passa a ser um lugar de ódio exacerbado e de preconceitos múltiplos. Pessoas com a pele escura são olhadas com desconfiança. Chuck perde o emprego e começa a trabalhar como taxista. Ao lado de seus companheiros, empreende uma viagem de carro rumo a Connecticut, em busca de um amigo. E, numa escalada perturbadora que revive todo o nonsense da "guerra ao terror", o rapaz acaba preso e violentamente interrogado. Meu irmão tem sido celebrado como uma potente obra de estreia, original e eficiente na forma como narra a América pós-atentado, pelos olhos de muçulmanos sem nenhuma ligação com o terrorismo. Ao mesmo tempo, a escrita de Naqvi, exuberante e fluida, encaixa-se perfeitamente na descrição da Big Apple da virada do milênio - também ela exuberante, com sua complexa rede de atrações e contradições. A rotina do trio de amigos muçulmanos, envoltos num universo que mescla a cultura hip hop a um caldeirão de referências acadêmicas e eruditas, distancia Meu irmão dos tristes relatos de imigrantes, restituindo à narrativa toda a riqueza e a complexidade da vida numa América tão pulsante - em todos os sentidos. Ao mesmo tempo, apresenta uma viagem surpreendente ao coração da cultura americana e de suas zonas de contato com o movimento global, lançando luz sobre os disparates e estranhezas de um mundo ainda tão contraditório.