"Repousou o livro sobre o peito e, segurando a vela com uma das mãos, apanhou o frasco, desenroscou a tampa, depositou-o de novo sobre o tapete. Voltou ao livro, a vela já queimando o dorso da mão direita, a que escrevia; teria sido melhor derramar o álcool no corpo todo? Imolar-se numa fogueira que extinguisse aos poucos todo o rastro de ilusão, transformasse em cinzas a esperança atravida com cheiro forte de laranja. No jardim do pai havia pés de laranja-lima e limoeiros, lembrava-se bem, era o perfume das histórias das mil e uma noites, ficava lendo debaixo da árvore, ela já coubera no ragaço de um pé de laranja-lima?"