Izidoro Blikstein nasceu em 1938, quando o mundo se cobria das trevas do nazi- fascismo, com seu cortejo de horrores, especialmente o Holocausto. Em 1945, a aurora democrática vai decompondo "o triste mundo fascista". No entanto, à guerra quente sucedeu a guerra fria. Como diz Hjelmslev, "a famosa Cortina de Ferro constitui uma fronteira semântica entre duas grandes associações lingüísticas (...) no conjunto da área- substância a que se pode chamar política" (Ensaios lingüísticos, p. 108). É nessa circunstância histórica que passa sua infância e sua adolescência nosso homenageado. Diz Bakhtin que a consciência se constrói na comunicação social, ou seja, na História. Por isso, os conteúdos que a formam são semióticos. O sujeito vai constituindo-se discursivamente, na medida em que apreende as vozes sociais que dão a conhecer a realidade em que vive, bem como suas inter-relações dialógicas. Dessa forma, o sujeito é constitutivamente dialógico: em seu interior, as vozes estão em relação de concordância ou de discordância. No processo social de constituição da consciência, os discursos não são apreendidos da mesma maneira. Há aqueles que são assumidos como vozes de autoridade. São os que são assimilados como uma totalidade indivisa, que não aceita qualquer contestação. Eles são centrípetos, impermeáveis, resistentes a impregnar-se de outras vozes, a relativizar-se Podem ser o discurso da Igreja, do Partido, etc. Há, de outro lado, os que são adotados como vozes internamente persuasivas. A eles não se adere de modo incondicional. Por isso, são permeáveis, centrífugos, admitem a impregnação do outro, aceitam a hibridização, são abertos à mudança.