Quando se fala de crítica da razão, pretende-se designar o esforço empreendido para destacar o que, no quadro da razão ou fora dela, passa por não razoável, mas é, pelo contrário, perfeitamente razoável. Sob o termo razoável, deve entender-se aquilo que é não só inteligível, isto é, que "tem sentido", mas, além disso, legitimamente fundado como verdadeiro, bom, belo e útil. A pedagogia, cujo objectivo é instruir o homem pela comunicação de conhecimentos teóricos e práticos, deveria fazer passar pelo crivo da crítica da razão os meios que emprega, a fim de verificar se são razoáveis ou não, se ela não ignora que estes seriam perfeitamente legítimos e eficazes. A razão pedagógica sofreu, até aos nossos dias, de uma falta de identidade. Assim, ela extrai as suas razões de outras fontes, que não a pedagogia. A razão pedagógica não conseguiu, contudo, a autonomia do seu objecto: é ao progresso técnico que ela deve o que pensa serem novos meios, mas de que conviria avaliar o significado e o alcance pedagógicos... Mas não pode fazê-lo, devido à sua falta de identidade. Por outras palavras, à falta de ter conseguido identificar o seu objecto, a pedagogia vai procurá-lo fora de si própria: na inteligibilidade da disciplina, em lugar de buscar a sua inteligibilidade em si mesma. A questão que se coloca é esta: qual o objecto da pedagogia? A razão pedagógica está na comunicação do saber de alguém que o possui a alguém que não o possui. É esta relação que deve constituir o objecto da pedagogia, isto é, a sua razão de ser própria, inalienável, incontornável.ANTOINE DE LA GARANDERIE, filósofo de formação, pedagogo de renome, criador da Gestão Mental, ensina no Institut Supérior de Pédagogie e na Université Catholique de l Ouest