O italiano Antonio Tabucchi faz, em Requiem (1991), uma declaração de amor a Lisboa, cidade que adotou para viver e onde morreu; e sobretudo ao português, idioma no qual escreve este romance. Num estado entre a realidade e o sonho, seu protagonista deambula pelas ruas da capital portuguesa num tórrido domingo de julho. Sabe vagamente que tem tarefas a cumprir; entre elas, um encontro marcado para o meio-dia com o poeta Fernando Pessoa. No percurso errático em que vivos e mortos se encontram, ele revê pessoas do passado e tenta desatar alguns nós de sua vida. Alcança, assim, a medida exata entre o humor e a melancolia, numa obra impecável. "Admiro em Tabucchi a imaginação e a capacidade de investigar a realidade para então chegar a uma realidade paralela, mais profunda, essa realidade que às vezes acompanha a visível."