Um tigre rememora o passado desde a juventude selvagem, como implacável soberano da floresta, até tornar-se discípulo de um ascetanas montanhas. Raja, um magnífico exemplar do Jardim Zoológico de Malgudi - a "efervescente cidade pequena no Sul da Índia", apresentada ao leitor brasileiro em O pintor de letreiros - reconstrói o percurso de uma existência que, entre a liberdade física e a espiritual, o conduziu ao cativeiro e à injustiça eo confrontoucom a sua própria maldade e a perfídia dos homens. Com ferocidade insaciável, o tigre assalta as noitesde pacatos vilarejos; é capturado, sofre privações atrozes, transforma-se em atração de circo e participa de um set cinematográfico. Subjugado à ambição humana por riqueza e poder, descobre que o passaporte para a fama não passa de mais uma escravidão grotesca. Qual terá sido a identidade de Raja numa encarnação anterior? A resposta não é clara; os indícios para decifrá-la encontram-se nas vicissitudes do presente. Na plenitude de sua maturidade literária, numa de suas mais belas e prazerosas histórias, o escritor indiano alterna páginas de reflexão profunda com humor perspicaz e cria uma voz narrador atanto inédita como inesquecível - um tributo à amizade, de um profundo conhecedor da arte do desprendimento.