Eu adoraria ser um peixe francês como o que se apaixonou pela borboleta de estrelas pretas, estória contada pela poética de um conterrâneo meu, Thiago E. mas não sendo possível eu me contento em ser feito piranha no dicionário informal, piranha é tanto o peixe carnívoro da família dos Caracídeos como também uma mulher libertina da família dos Caralíneos e como diz a cantiga: piranha é peixe voraz e isso eu sei que sou! Mas minha paixão se dá de fato pelas piabas da lagoa grande que morrem em todas as secas do sertão e brotam do chão rachado toda vez que faz uma poça de água quando o céu resolve chorar por pena da solidão da roça, da secura não só climática. Em Santo Hilário só se tem duas chances de dar certo num romance depois do segundo namoro a mulher já fica desregrada e mulher assim não presta nem para bater roupa na beira da lagoa pequena, eu mesma inda bem que não moro mais lá porque os deuses sabem que voluptuosa como sou, morreria piranha e nunca seria piaba ou francesa. [...]