No final do século XVIII, Oliveira Mendes, ilustrado português, usou o termo "paixaõ da alma" para designar um fenômeno que observara entre cativos africanos trazidos em navios negreiros ao Novo Mundo: entregavam-se voluntariamente à morte pela recusa da alimentação. Entre as causas, o autor destacava a saudade da terra natal e a fixação pela ideia de retorno. Naquele contexto, a temática interessava não somente porque desvaleva a fragilidade dos argumentos da escravização - tendo em vista que a escolha da hora da própria morte implicava em alto grau de subjetividade -, mas, também, porque a prática suicida causava graves prejuízos à economia luzo-brasilieira que demandava mão de obra escrava. De uma forma geral, o livro busca fazer o leitor sentir todo o fogo, paixão e sensibilidade dos sujeitos históricos estudados e ascendidos ao lugar de enunciação.