A celebração eucarística se constrói em relação direta com Cristo, especialmente na oração eucarística, que nos torna contemporâneos do gesto de "dar graças" do Mestre na última ceia. É o Ressuscitado que hoje dá graças ao Pai por meio do ministério presbiteral, chamado a presidir a comunidade eclesial na caridade. Em conseqüência, entrevemos uma maravilhosa verdade: é no deixar Jesus viver em nós e no permitir-lhe continuar a sua luta pessoal em nossa existência cotidiana que podemos entrever a profundidade do mistério eucarístico. Esse horizonte torna-se possível para nós se conseguirmos perceber a íntima relação entre a oração eucarística "joanina" que encontramos no capitulo 17 do Evangelho de João e as orações eucarísticas presentes no Missal Romano. O esforço de construir, no estilo meditativo, o paralelismo entre as duas orações, a oração eucarística de Jesus e a oração eucarística de Jesus e a oração eucarística da Igreja, permite-nos intuir s presença do Orante divino, personalizar a sua experiência pascal, dilatar os seus sentimentos e dizer ao mundo que em seu "corpo dado" e em "sangue derramado" está a fonte da verdadeira vida e autêntica alegria. A pessoa inteira do discípulo, pelo que faz, é a atual encarnação do Mestre, que continua a comunicar a si mesmo ao mundo mediante a linguagem crente, sacramental e testemunhal daqueles que a cada dia o seguem. Cada atitude nossa é uma nova e fecunda profissão de fé na soberania de Jesus e ressuscitado, que progressivamente nos transforma em si, para que possamos, progressivamente, aproximar-nos com simplicidade de coração da face inefável do Pai.